Milhares de crimes são cometidos diariamente. Em alguns países, a frequência é maior em relação a outros, devido a diversos fatores, entre eles, a escolaridade e o poder financeiro. No Brasil, a violência está presente há muito tempo, desde sua colonização. Ao analisarmos o período pós-independência no século XIX, mais especificamente nas regiões de fronteira no Rio Grande do Sul, veremos que a incidência de delitos era acentuada.

Era - e ainda é - muito comum a ocorrência do crime em um país e logo em seguida a fuga para outro país fronteiriço. As fugas aconteciam da Argentina e Estado Oriental - hoje Uruguai - para o Brasil e vice-versa. Os infratores tinham conhecimento de que só poderiam ser julgados no país onde praticaram o delito, então, faziam-se valer da fronteira para ficarem impunes à justiça.

Havia maior incidência de roubos, furtos, contrabando, falsificação, jogos proibidos e crimes de ferimento e morte. No Brasil, associava-se aos estrangeiros a origem dos crimes, que na grande maioria eram praticados por “vagabundos”, “sem ocupação” ou até mesmo “jornaleiros”, os quais, embora se declarassem desta forma, trabalhavam com pecuária. Em uma análise de dados entre 1845 e 1889, constam 2.503 processos criminais, sendo 607 ocorridos na fronteira e 359 com envolvimento de réus “castelhanos”.

Na tentativa de reduzir os crimes, foi assinado, em 1851, o tratado entre o Império Brasileiro e o Estado Oriental do Uruguai. Nele estava estabelecida a extradição de criminosos brasileiros que fugissem para o Estado Oriental, sempre que o Brasil requeresse tal ação. O mesmo valia para o Estado vizinho. Porém, o tratado não foi tão eficiente e os casos em que houve fuga mantiveram-se impunes.

Este é apenas um dos assuntos estudados na obra “História do Banditismo no Brasil: novos espaços, novas abordagens”. Nela, você pode encontrar mais aspectos deste tema e outros casos ocorridos em vários estados brasileiros. O livro está à venda no site da Editora, da Livraria UFSM e também pode ser encontrado em outras livrarias.