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Memória, corpo e cidade

É inspirado na recente notoriedade do voguing, que o autor pontua a criação de cenas de dissenso como posicionamento político oportuno nas metrópoles pós-modernas.  Neste contexto, voguers nos ensinam que o corpo, a memória e as cidades contêm a matéria-prima da alteridade, antagonizando convenções de gênero. Nesta obra, o  autor percorre o campo da memória social, chama o corpo à cena investigativa, problematiza a espacialização das relações de poder no espaço urbano e, a partir disso,  convida-nos a refletir sobre desafios hoje postos às multidões queer.

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Descrição

No documentário “Paris is Burning”, Willi Ninja chega a melhor definição de que se tem conhecimento sobre o que é voguing: “é uma forma segura de jogar shades”, diz  ele. E o que seria jogar shades (sombras) senão aguçar a potência de afecção de corpos empoderados? 

Podemos interpretar as shades de duas formas: primeiro, tratamos como adereço de maquiagem, que representa este desejo humano de compartilhar fantasias e usar o corpo como textualidade para comunicar subjetividades. Estas sombras podem ser tratadas como o elemento estético que integra as sociabilidades pós-modernas e  apazigua a vontade de autocomposição neste jogo ambíguo de imitação/alteridade.

Segundo o cruzamento dos termos shade e shadow nos serve de analogia para entender o voguing como sombra de corpos precários que ironizam os padrões estéticos  hegemônicos. Nesta sociedade pós-moderna, cuja espetacularização de corpos-objeto reforça ideais de normalidade, voguers dispõem poses de corpos desviantes sob os  holofotes e, assim, notabilizam a gestualidade como sombra de subjetividades represadas.

Por fim, chama-nos atenção o fato de que, ao performar às sombras de referenciais performativos preexistentes, voguers desestabilizam as categorizações binárias de  gênero arrastadas pelo racionalismo excludente. De fato, os voguers até revisitam as sombras normativas, mas as rasuram com gradações de sombreamento, como um  chiste perspicaz, uma fagulha que empodera corpos dançantes.

Roney Gusmão é Professor adjunto do Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas - CECULT da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB, doutor em "Memória: Linguagem e Sociedade". Membro dos Grupos de Pesquisas "Memória, Espaço e Culturas - MESCLAS", "Culturas, Estéticas e Linguagens - CEL" e "Núcleo de Culturas, Gêneros e Sexualidades - NuCuS" - linha "Corpos, Cidades e Territorialidades Dissidentes". Também desenvolve atividades de pesquisa e extensão articuladas aos referidos grupos, atuando principalmente na intersecção dos seguintes temas: memória, cultura, educação, pós-modernidade, gênero, espaço urbano.

Informação Adicional
Título Memória, corpo e cidade
Subtítulo Voguing como resistência pós-moderna
Autor(es) Roney Gusmão (Org.)
Editora/Selo Editora UFSM
Assunto Principal Dança, Vogue, Voguing, Performance, Voguing, Cultura, Pós-modernidade, Pose
Assunto Secundário Não
Origem do Livro Nacional
Coleção Não
Número de Páginas 135 pág.
Acabamento N/A
Número da Edição
Ano da Edição 2021
ISBN (SKU) 9786557160466
Código de Barras 9786557160466
Faixa Etária Graduação, Pós-Graduação e outros.
Idioma Português
Número do Volume ou Tomo Único
Classificação Fiscal (NCM) 49019900
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Sumário

PREFÁCIO

EPISTEMOLOGIA DO VOGUING E ALÉM

APRESENTAÇÃO

CAPÍTULO 1 - O QUE HÁ DE PÓS-MODERNO NO VOGUING?
1.1. VOGUING: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES
1.2. O CONTEXTO: CULTURA E PÓS-MODERNIDADE
1.3. VIDA HEROICA NA PÓS-MODERNIDADE

1.4. A CELEBRAÇÃO DO ESTRANHO

CAPÍTULO 2 - LUGARES E MEMÓRIA
2.1. MEMÓRIA COMO REPRESENTAÇÃO DO PASSADO
2.2. CORPO E LUGAR DE MEMÓRIA
2.3. ESPAÇOS, CORPOS E SUBJETIVIDADES
2.4. STRIKE A POSE

CAPÍTULO 3 - O CORPO POLÍTICO
3.1. LUGARES, PERFORMANCES E SUBJETIVIDADES
3.2. ELOGIO “AOS” GAYS ERRANTES
3.3. VOGUING: PERFORMANCE E PERFORMATIVIDADE
3.4. O “TRÁGICO” NO VOGUING
3.5. DO CORPO-PRODUTO AO CORPO-AFECÇÃO

CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CRÉDITOS

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