Rosângela Gabriel é professora e pesquisadora do curso de graduação em Letras, do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Possui Graduação em Letras pela Fundação Alto Taquari de Ensino Superior (1993), Mestrado em Letras pela PUCRS (1996) e Doutorado em Letras / Linguística, pela PUCRS (2001), tendo realizado doutorado-sanduíche no Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de Oxford / Inglaterra (1999-2000). Coordenadora do GT Linguística e Cognição da ANPOLL nos biênios 2012-2014 e 2016-2018, também é líder do Grupo de Pesquisa Linguagem e Cognição CNPq. Atua como coordenadora adjunta do Programa de Pós-Graduação em Letras - Mestrado e Doutorado, da Unisc (2016-2018).

 

EditoraUFSM: Pais e professores podem contribuir para que seus filhos e alunos se apropriem da leitura a fim de utilizá-la como ferramenta para novas aprendizagens? De que maneira a obra traz essa abordagem?

Dizer que a leitura é uma ferramenta para novas aprendizagens pode ser considerado algo óbvio, mas o óbvio também precisa ser dito. Algumas pessoas dizem que não gostam de ler, mas passam horas no celular ou no computador, lendo, e nem se dão conta disso! Porém, existem diferentes modos de ler e que estão relacionados com os objetivos que nos propomos atingir por meio da leitura. Podemos ler para buscar uma informação pontual (qual a programação do cinema), para passar o tempo (como em uma sala de espera), ou para buscar a experiência estética que a leitura literária proporciona. Em todas as situações, ainda que de forma inconsciente, aprendemos por meio da leitura, pois construímos memórias e referências que poderão ser recuperadas em outros contextos. O livro O que precisamos saber sobre a aprendizagem da leitura: contribuições interdisciplinares dialoga com pais e professores, pois ainda que estejamos convencidos da importância da leitura, muitas vezes temos dúvida sobre como contribuir para que nossos filhos e alunos se tornem leitores, que possam utilizar a leitura de forma autônoma, de acordo com seus objetivos.

 

EditoraUFSM: É possível ensinar os jovens a desenvolverem o gosto pela leitura? Como a obra contribui para isso?

O gosto pela leitura vem daquilo que a leitura nos proporciona e das emoções relacionadas a ela. Se ler é difícil e trabalhoso, fica difícil gostar de ler, não é? Por isso, precisamos associar a leitura a contextos positivos. E como fazer isso? Introduzindo a criança (e o bebê) no mundo da leitura de forma carinhosa e aconchegante. Os pais de crianças pequenas e professores da educação infantil podem escolher um horário diário para ler para as crianças e com as crianças, conversando sobre os livros, sobre as histórias, sobre as imagens e sobre a linguagem das obras. Esse pode ser o ponto alto do dia, com direito a ler no colo ou no calor de um abraço. Essa memória positiva ficará associada para sempre à leitura! A medida que a criança cresce e aprende a ler, a leitura feita pelo adulto não deve ser abandonada, pois continua sendo um modelo para os jovens. E mesmo que a leitura seja feita de forma individual, silenciosa, é importante compartilhar leituras, no sentido de conversar sobre o que se leu, sobre como se entendeu o que o autor disse por meio do texto, sobre o que se pensou sobre o que se leu, compartilhando o texto e as reflexões por ele suscitadas.

 

EditoraUFSM: Qual o diferencial da obra em relação a livros que tenham a mesma temática? E a que público destina-se?

As organizadoras dessa obra, assim como os autores, são pesquisadores e professores que trabalham em universidades e em escolas, e que estudam a leitura e sua aprendizagem. Há muitas pesquisas realizadas sobre esse tema e o avanço é evidente. Entretanto, os pais e professores, que estão em contato diário com as crianças, não têm muitas vezes tempo para se apropriar de uma linguagem mais técnica sobre o tema. Por isso, procuramos aproximar os leitores do tema, evitando termos técnicos, sem perder a profundidade que o tema requer e que o leitor busca na obra. O livro é dirigido a pais e professores, a educadores de uma forma mais ampla, a pessoas que se preocupam em compartilhar o legado da leitura com as gerações mais jovens.

 

EditoraUFSM: O livro foi lançado em versão impressa e também no formato digital. Qual a sua opinião em relação às publicações de livros digitais?

O mais importante é que o livro chegue ao leitor. Um livro sem leitor não é nada. Então, a pergunta que se faz é: como fazer para que o livro chegue ao leitor? Se for mais fácil o livro chegar ao leitor  na versão impressa, ótimo! Se for mais fácil (ou mais barato, ou mais prático) na versão digital, ótimo! Claro, existem as preferências individuais. Algumas pessoas preferem o livro impresso. Para outras pessoas, ler na tela ou no papel faz pouca ou nenhuma diferença. Como uma das organizadoras da obra, fiquei feliz com a decisão da Editora UFSM de publicar a obra nas duas versões, deixando ao leitor a opção de escolher entre a versão impressa e a digital. Há pessoas, como eu, que têm alguns livros nas duas versões, impressa e digital! Como professora e pesquisadora, é conveniente ter vários livros e artigos em meu notebook, sem a necessidade de carregar uma mala de material impresso comigo. Mas também gosto muito de ler livros impressos e de escrever nas margens e colar papeizinhos com minhas observações nas páginas… Enfim, penso que as publicações de livros digitais têm contribuído para que o livro chegue ao leitor e isso é o mais importante.