O câncer atinge cada vez mais pessoas e, em razão disso, a aplicação da terapia antineoplásica, mais especificamente, da radioterapia, cresce na mesma medida. É nesse contexto de uma nova realidade epidemiológica que o livro Efeitos adversos tardios da radioterapia de cabeça e pescoço foi escrito. A obra, publicada em 2021 pela Editora UFSM, provém da união entre as autoras Kívia Linhares Ferrazzo, Gabriela Barbieri Ortigara, Laura Isabel Lampert Bonzanini e Riéli Elis Schulz, que juntas elaboraram um livro que serve como material de estudo e análise.
Ao longo da obra, as autoras dissertaram acerca dos efeitos a médio e longo prazo da radioterapia, bem como discorreram sobre as complicações comuns a essa árdua etapa de tratamento.
Considerando que o livro contém um compilado de informações extremamente importantes para a comunidade, resolvemos realizar uma entrevista com uma de suas autoras. Kívia Linhares Ferrazzo possui formação em Odontologia e se especializou em patologia bucal. Hoje, atua no Departamento de Patologia da Universidade Federal de Santa Maria. Conversamos com ela sobre a relevância de sua obra, as medidas de prevenção contra o câncer de cabeça e pescoço e os seus projetos futuros. Segue abaixo, na íntegra, a entrevista.
-
Conte um pouco sobre sua trajetória, produções e linha de pesquisa atual.
Como docente na UFSM, atuo no ensino, pesquisa e extensão em relação à Patologia Bucal, tratando de temas que envolvem as doenças do complexo maxilofacial e as manifestações bucais de doenças sistêmicas.
-
Como a área da Odontologia e seus profissionais se relacionam com a prevenção e tratamento do câncer de cabeça e pescoço?
Quando se fala em prevenção do câncer de cabeça e pescoço, as melhores estratégias são o diagnóstico precoce e a redução de exposição aos fatores de risco. O cirurgião-dentista tem um papel fundamental no diagnóstico e acompanhamento de lesões potencialmente malignas da boca, bem como no diagnóstico dessas lesões malignas, além de fazer parte das equipes multidisciplinares que tratam desses pacientes.
-
Conte sobre a experiência de elaborar um livro elucidativo que contribui com a disseminação de informações sobre um tema tão delicado e importante?
Foi um processo que exigiu muito trabalho e dedicação de todas nós, autoras desse livro, pois a elaboração do texto veio como consequência do vasto material que foi produzido durante a execução de um grande projeto de pesquisa envolvendo essa população de sobreviventes do câncer de cabeça e pescoço. Apesar de todo o trabalho executado ao longo de aproximadamente cinco anos, é gratificante ver que o livro tem sido uma fonte de consulta útil para aqueles que trabalham nessa área.
-
Explique a relevância da sua obra diante da epidemiologia do câncer de cabeça e pescoço.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), para cada ano do triênio de 2023 a 2025, serão estimados 22.890 novos casos de câncer de boca, orofaringe e laringe. Considerando que a maioria dos pacientes (infelizmente) ainda recebe o diagnóstico do câncer de cabeça e pescoço com a doença já nos estágios avançados, e que esses pacientes estão sujeitos a tratamentos que causam muitos efeitos adversos, muitos dos sobreviventes desse tipo de câncer convivem com os efeitos tardios do tratamento oncológico. Nesse sentido, o livro contribui trazendo informações condensadas e atuais sobre esses efeitos adversos tardios e suas formas de prevenção e manejo.
-
Existem projetos futuros em andamento? Se sim, o que os leitores podem esperar deles?
Estamos elaborando novos projetos com o objetivo de produzirmos conhecimento sobre formas de tratamento para os efeitos adversos tardios do tratamento oncológico de cabeça e pescoço.