A 47ª Feira do Livro de Santa Maria está chegando e nela a Editora UFSM fará uma série de lançamentos e atividades especiais. A exemplo disso, no dia 7 de outubro, haverá o lançamento da obra O Abraço de Amor de Kahlo, Estrada, Zenil e Eu: uma genealogia matricial a partir do corpo performativo, de Odailso Berté.

Na mesma oportunidade teremos a live “Família Kahlo - berço de artistas”, na qual Odailso participará de uma mesa de diálogo com Cristina Kahlo, fotógrafa e sobrinha-neta de Frida Kahlo. Ao final da conversa, a exposição virtual “Tantas Fridas”, de Cristina Kahlo, estará disponível para visualização pelo Instagram @liccdaufsm. A exposição retrata, através das lentes de Cristina, os diferentes olhares e percepções feitos sob a figura de Frida Kahlo.

Entrevistamos Odailso Berté a respeito do lançamento do livro dele e das atrações para a Feira do Livro de Santa Maria. Confira a entrevista.

Ed: Como a live Mesa de Diálogo "Família Kahlo - berço de artistas" contribui para a Feira do Livro, numa edição em que muitas das atividades serão realizadas on-line?

Odailso: Contribui no sentido de proporcionar ao público da Feira do Livro e demais pessoas interessadas, o acesso à cultura, à arte e à reflexão de uma forma sadia, através de uma plataforma digital, neste momento de um necessário isolamento social, em que devemos evitar aglomerações tendo em vista o bem comum, que é a saúde de todos. Além disso, este momento de pandemia tem nos possibilitado pensar outras formas de nos comunicar com as pessoas e de diminuir as distâncias físicas, fazendo uso desses recursos que, se por um lado tiram o prazer da experiência pessoal, possibilitam acesso a conteúdos, trânsitos e contatos a longo alcance. 

Ed: O quanto a presença da fotógrafa Cristina Kahlo acrescenta no lançamento do seu livro O Abraço de amor de Kahlo, Estrada, Zenil e Eu: uma genealogia matricial a partir do corpo performativo?

Odailso: A presença da Cristina não só acrescenta como abrilhanta o lançamento do livro. Conheci Cristina em 2018, ano em que residi no México para a pesquisa de pós-doutorado da qual resultou o livro, e confesso que conheci uma mulher, artista, latino-americana, tão potente em seu trabalho como sua tia-avó Frida Kahlo. Em diferentes momentos de convivência, Cristina me deu a conhecer o valoroso cultivo da arte que herdou de sua família. Como o livro trata de uma genealogia artística de Frida Kahlo, penso que a presença de Cristina casa perfeitamente no sentido de podermos conhecer a genealogia artística da Família Kahlo dita por uma de suas descendentes. Inclusive a epígrafe do livro é uma frase dita por Cristina, que sintetiza de maneira apropriada o muito sobre arte e sua família que ela compartilhou comigo.

Ed: Qual a importância da exposição “Tantas Fridas” para promover o reconhecimento do trabalho artístico de Frida Kahlo?

Odailso: Na verdade, a exposição virtual "Tantas Fridas" nos dá a conhecer o trabalho artístico de Cristina Kahlo. Mas esse é um trocadilho interessante e apropriado, pois tem a ver com os modos como uma fotógrafa como Cristina Kahlo lida com o peso, a nível mundial, do seu sobrenome, em relação à fama da pintora, sua tia-avó. Inclusive ela própria provavelmente abordará isso na mesa, contando de sua trajetória em fazer-se uma artista autêntica, ao mesmo tempo com e independentemente do seu conhecido sobrenome. Frida Kahlo é tematizada na exposição nos modos como o olhar de Cristina Kahlo, com suas lentes artísticas, captou as reinterpretações que diferentes pessoas têm feito da imagem de Frida. 

Ed: De que forma o contato com pessoas tão próximas à Frida Kahlo, seja por trabalho, como Arturo Estrada, ou por laços familiares, como Cristina Kahlo, agrega para suas pesquisas e consequentemente suas obras publicadas pela Editora UFSM?

Odailso: Conhecer pessoas como o querido pintor Arturo Estrada, que foi aluno de Frida Kahlo e conviveu com ela por 10 anos, e como Cristina Kahlo, que não conheceu Frida, mas cresceu ouvindo seu pai Antonio Kahlo, também fotógrafo, contar tantas histórias daquela tia carinhosa, alegre, diferente e surpreendente com quem ele conviveu, agrega elementos instigantes à pesquisa e à escrita sobre a pintora que desfazem muitos mitos criados e contados a seu respeito. O contato com essas pessoas desfaz, principalmente, a versão ensimesmada e despolitizada de Frida Kahlo que tem se propagado na contemporaneidade. 

Ed: O que esperar da live e da exposição do dia 7 de outubro?

Odailso: Da Mesa de Diálogo podemos esperar uma partilha sincera e qualificada de uma artista e representante da família Kahlo que reconhece o trabalho e a fama de sua tia-avó, mas que, ao mesmo tempo, desenvolve seu próprio trabalho artístico com muita qualidade e afinco, assemelhando-se com Frida no amor que sente pela cultura mexicana, mas diferindo com muita autenticidade no modo de expressar isso, a começar por ser fotógrafa e não pintora, e também pela poética visual desenvolvida, a qual fala por si só, independente do sobrenome famoso.

Da exposição podemos esperar magníficas obras fotográficas criadas pelo olhar atento e pelas lentes sensíveis de Cristina Kahlo, tendo ela encontrado em diferentes ambientes e países essas Tantas Fridas que refletem o amor de crianças e adultos por Frida Kahlo e também a dimensão política e sociocultural da imagem dessa pintora, que se converte em símbolo de diferentes grupos e sujeitos sociais como mulheres, indígenas, pessoas com deficiência e pessoas LGBT+.